Pesquisa
Prostituição masculina em Campo Grande: gênero e sexualidade em intersecção com outros marcadores sociais de diferença
Início: 2016 – Coordenação: Guilherme Passamani
Esse projeto de pesquisa tem o intuito de desenvolver uma etnografia no âmbito da prostituição masculina na cidade de Campo Grande-MS. Os estudos sobre gênero e sexualidade encontram-se em fase bastante desenvolvida no Brasil, inclusive os estudos sobre prostituição de mulheres e prostituição de travestis. No entanto, ainda carece investigação a prostituição masculina. É com esse intuito que esse projeto será desenvolvido. O projeto terá várias etapas: começará com uma investigação exploratória, no sentido de um pré-campo, que visa um mapeamento dos sujeitos da pesquisa e dos territórios da “michetagem”. Numa segunda etapa serão realizadas observações etnográficas nos principais pontos de prostituição da cidade. Por fim, serão realizadas entrevistas semiestruturadas. Dessa forma, o objetivo é perceber as relações que aproximam diferentes marcadores sociais de diferença como gênero, sexualidade, classe, raça, região, geração, escolaridade a fim de compreender como são tecidas as redes e a agência entre os garotos e entre garotos e clientes, além das rupturas e permanências com as políticas de prevenção a diferentes DSTs em um estado onde esses estudos estão em etapa inicial de desenvolvimento. Para tanto, como possíveis alternativas de campo serão utilizados as sala de chat na internet, sites de prostituição, saunas, aplicativos de “pegação” e as redes de contato estabelecidas com michês a partir de pesquisas anteriores.
Novas percepções sobre uma conhecida doença: um estudo qualitativo sobre a epidemia de HIV/aids na visão de homens jovens, que fazem sexo com outros homens, em Campo Grande (MS)
Início: 2016 – Coordenação: Tiago Duque
Este projeto de pesquisa qualitativa tem como objetivo estudar a percepção que homens jovens, que fazem sexo com outros homens, têm da epidemia de HIV/aids em seus aspectos epidemiológicos, identitários, preventivos e sócio-político-culturais. Ele justifica-se pelo aumento da infecção por HIV entre homens jovens com essa prática afetiva-sexual no Brasil. Além disso, há certa carência de estudos sobre esta temática, focados nesta faixa etária, especialmente na região que ele será desenvolvido. A metodologia utilizada será de entrevistas em profundidade com dez homens entre 18 e 25 anos, que fazem sexo com outros homens, que são moradores da cidade de Campo Grande (MS) e que se percebem como jovens. A escolha desses interlocutores priorizará a multiplicidade em termos de classe, raça, sexualidade, masculinidades e outros marcadores socais da diferença. Além das entrevistas, também será realizada, como método de pesquisa, etnografia online e offiline. Os espaços a serem observados e selecionados para a interação são aqueles da cidade em que os dez principais interlocutores deste estudo serão acessados, por exemplo: as festas privê na sauna; o grupo masculino de naturismo de um aplicativo de celular; as atividade do movimento social diferentes ações de ensino e extensão do Impróprias – Grupo de Estudos em Gênero, Sexualidade e Diferenças e do Laboratório de Estudos sobre Violência, Gênero e Sexualidade, ambos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O referencial teórico é composto por uma rede de autores pós-estruturalistas: foucaultianos, pós-coloniais e, principalmente, feministas/queer. A previsão de duração deste estudo é de 24 meses. Os resultados poderão servir de parâmetros de ação para setores públicos e da sociedade civil que atuam na prevenção e no tratamento de pessoas vivendo com HIV/aids, assim como, trará uma contribuição sociológica importante para a área dos estudos de gênero, sexualidade, juventude, identidade e saúde na contemporaneidade..
Gênero, sexualidade e envelhecimento: um estudo multimétodos sobre políticas públicas em educação, saúde e direitos humanos
Início: 2015 – Coordenação: Fernando Pocahy (UERJ).
Este Projeto de Pesquisa tem como objetivo analisar formas de regulação do gênero e da sexualidade em sua articulação com a produção discursiva do envelhecimento, como forma de compreensão dos processos de vulnerabilidade social da população autodeclarada LGBT e outras minorias sexuais e de gênero. Buscamos com esta pesquisa analisar os discursos que se encontram em negociação nas experimentações da cidadania de pessoas em idade igual ou superior a 60 anos. Neste estudo tomamos como problema principal os modos como as politicas e discursos movimentam as práticas sociais e culturais e quais posições de sujeito emergem na intersecção entre geração, gênero e sexualidade. Os resultados desta proposta objetivam oferecer indicadores sobre os processos de vulnerabilidade social, bem como as possíveis formas de enfrentamento ao hetero/sexismo, particularmente na direção dos seus efeitos na produção de agravos em saúde e processos sociais precarizados a partir da violência heteronormativa, LGBTfóbica e etarista. Como resultado amplo, entendemos que este estudo permite maior adensamento sobre as interseccionalidades na regulação das relações de gênero e exercício da sexualidade, entendendo a educação enquanto prática de significação movimentada/ acionada a partir de redes educativas, cotidianos e processos culturais, como plano privilegiado para a promoção da igualdade de gênero e da democracia sexual. O estudo abrange ao menos uma capital em cada uma das cinco regiões que congregam os 27 estados da federação. Para maior aporte no acesso e acompanhamento das demandas de cidadania das pessoas autodeclaradas LGBT e outras minorias sexuais e de gênero, estamos movimentando nossos esforços para articulações junto a associações de representação LGBT nos devidos estados e núcleos de pesquisa sediados nas cidades chave para a pesquisa.